Uma joia do patrimônio histórico do Norte do Paraná que se recusa a se perder no tempo. Assim pode ser definida a cronologia centenária da ponte pênsil Alves Lima, que liga Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro do Paraná, a Chavantes (SP). Construída em 1920, a estrutura sobre o Rio Paranapanema foi destruída quatro vezes: em duas revoluções, em uma enchente, e, por último, em um incêndio criminoso. Em todas as vezes, foi reconstruída.
Um dos poucos exemplares de ponte pênsil (sustentada por cabos) do país, a Alves Lima é um dos principais atrativos turísticos de Ribeirão Claro. Está localizada a 13 quilômetros ao norte do centro da cidade, no final da PR-151, na divisa com Chavantes (SP). Foi construída como rota para escoar a safra de café do Norte do Paraná, que até então cruzava o Rio Paranapanema de balsa, rumo ao Porto de Santos.
A edificação é tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná e de São Paulo e se destaca no cenário de belezas naturais da região de Angra Doce. Nas últimas décadas, a estrutura de 164 metros de comprimento, com vão suspenso de 82 metros, recebe apenas o fluxo de pedestres, a maioria turistas. O tráfego de veículos ocorre por outra estrutura, de concreto, a 200 metros rio abaixo.
No ano do centenário, em 2020, um incêndio criminoso consumiu cerca de um terço da estrutura da ponte, construída em madeira. Após o término das investigações, o governo paulista iniciou a reforma, que foi concluída em outubro de 2023 com investimento de R$ 6 milhões. A expectativa agora é que o atrativo ajude a fortalecer o turismo da região de Angra Doce.

História da ponte pênsil
A ponte pênsil Alves Lima foi destruída pela primeira vez em 1924, durante a Revolta Paulista, quando as tropas do capitão Alberto Costa invadiram a cidade de Chavantes. A edificação foi toda incendiada e sua reconstrução só começou após o fim do conflito, terminando em 1928.
A segunda destruição ocorreu durante a Revolução de 1932, que colocou a divisa entre São Paulo e Paraná como um dos principais fronts de combate entre paulistas e gaúchos. Segundo historiadores e estudiosos do conflito, as tropas gaúchas ficaram aquarteladas em Ribeirão Claro. Como forma de impedir o avanço dos sulistas, a força paulista dinamitou a ponte, que só viria a ser reconstruída quatro anos depois.
Já em 1983 foi a força das águas do Paranapanema que destruiu a ponte pênsil. A maior enchente já registrada na região causou danos significativos à estrutura, que só foi recuperada dois anos mais tarde.

Interdição e restauro
Em 2006, a ponte chegou a ser totalmente interditada em razão de seu péssimo estado de conservação. Quatro anos depois, os governos dos dois estados iniciaram a revitalização da estrutura, entregue em 2011 com obras que custaram mais de R$ 2 milhões.
Uma placa gravada em chumbo, instalada próxima à ponte, ilustra a trajetória histórica da única ponte pênsil do Paraná: “Em 1924 e 1932 revoluções armadas destruíram esta ponte. Em 1983 uma grande enchente a destruiu. Toda vez que um mal destruir um bem ele será reconstruído, para que não morra no coração dos homens a esperança. Jovens de Chavantes, 1985”.