Os moradores de Carlópolis, município de quase 17 mil habitantes do Norte Pioneiro do Paraná, ganharam mais um motivo para se orgulhar. Em setembro de 2023, a cidade recebeu o título de Capital Nacional da Goiaba de Mesa. A fruta de excelência internacional já havia obtido o selo de IG (Indicação Geográfica) do Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) em 2006.
O Congresso confere títulos de “capitais nacionais” desde 2006. Carlópolis foi o 42º município brasileiro a obter o reconhecimento que é concedido para chancelar a importância de algum produto único ou alguma manifestação cultural relevante. Além de motivo de orgulho, reforçando a identidade de seus habitantes, o título se transforma em um atrativo turístico e econômico.
Para quem só conhece a goiaba comum, a fruta plantada com técnicas especiais impressiona pelo tamanho, que chega a atingir 800 gramas. A qualidade dos frutos é garantida pela técnica de ensacamento, em envelopes de papel, individualmente, quando atingem aproximadamente 2 centímetros de diâmetro, evitando o ataque de insetos ou animais e eliminando o uso de pesticidas no controle de insetos e pragas.

De acordo com o Sebrae-PR, a goiaba de Carlópolis, da espécie tailandesa, tem um sabor doce, com um equilíbrio entre acidez e doçura. “Ela tem um aroma agradável e característico que se intensifica quando a fruta está madura. Além disso, quanto ao tamanho, tende a ser maior que outras variedades de goiaba A polpa é macia e suculenta, de coloração branca ou rosada, dependendo do estágio de maturação. A fruta tem grande resistência e durabilidade”, definem os especialistas.
Título deve Impulsionar vendas
Elias Benedetti, produtor rural e diretor da Cooperativa Agroindustrial de Carlópolis (Coac) comemora a mais recente conquista que deve impulsionar ainda mais as vendas da goiaba do município. “É uma conquista muito grande, porque aumenta a visibilidade. Quando se fala em goiaba, imediatamente o consumidor já associa com o município”, comenta.
De acordo com Benedetti, a Coac tem 40 produtores de goiaba, sendo que nove deles obtiveram o certificado que permite a exportação. A intenção é que esse número aumente para 12 até o final do ano. “É um processo muito rigoroso, com muitas exigências, mas que acaba compensando, porque conseguimos um bom preço final”, explica.

Ele conta que trocou o cultivo do café pelo da goiaba há 10 anos e que não se arrepende. “O pessoal que já estava na atividade foi incentivando aí resolvi entrar nessa onda. Está dando um bom resultado, não posso reclamar”, comemora. Segundo ele, um dos fatores para o sucesso da fruticultura no município é o clima. “Temos essa característica de ter um clima quente e úmido, por conta das águas da represa. Isso fornece as condições ideais para dar o vigor necessário para o fruto”, detalha.
Produção em Carlópolis
Carlópolis é um dos municípios da região de Angra Doce que, nos anos 1960, perdeu parcela considerável da área cultivável de seu município para a instalação do reservatório da Usina de Chavantes. A represa, porém, trouxe ganhos com royalties e desenvolvimento do turismo.
Com área reduzida, as lavouras de extensão deram lugar às culturas de alto valor agregado. Na fruticultura, a goiaba vermelha é o carro-chefe, mas também há produção de lichia, carambola, pitaya, abacate e figo da índia. O município também faz parte da área abrangida pelo selo de Indicação Geográfica do Café Especial do Norte Pioneiro do Paraná. “Tem bastante iniciativa dando resultado. Isso é muito bom, porque fortalece nossa economia”, destaca Benedetti.

A cidade lidera a produção de goiaba no Paraná. Em 2022 o município cultivou cerca de mil hectares. Eles renderam uma colheita de aproximadamente 38 mil toneladas da fruta, somando um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 129 milhões. A cultura se tornou o principal negócio da agricultura local, responsável por 25% do VBP agropecuária do município, segundo levantamento da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
A fruta é exportada para Inglaterra, Portugal, Canadá e Oriente Médio. A Indicação Geográfica e a certificação Global G.A.P. (Good Agriculture Practices) foi responsável por alavancar as exportações. Segundo os produtores, o mercado externo estipula um preço fixo para a fruta maior que o mercado interno, que além de tudo apresenta oscilação ao longo dos meses. Enquanto no mercado interno, o preço do quilo da goiaba varia entre R$ 3,00 e R$ 4,00, a fruta certificada pode ser vendida a R$ 5,20 o quilo para exportação.
Orientação técnica
Os produtores da Coac recebem apoio do IDR-PR, o Instituto Desenvolvimento Rural do governo estadual que oferecem consultoria técnica aos produtores rurais. A engenheira agrônoma Luiza Rocha Ribeiro, extensionista do IDR, explica como funciona a parceria. “O IDR-Paraná ajudou na elaboração do projeto. Pedimos alguns itens para melhorar o funcionamento da cooperativa, para agregar valor ao produto. Solicitamos, então, uma câmara fria, que neste ano de inverno atípico, mais quente, já foi muito utilizada, contribuiu bastante com a conservação das frutas, com a formação de lotes para o mercado”, destaca.
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