O Museu Ferroviário de Curitiba reserva uma atração única para os visitantes que desejam mergulhar na história das ferrovias do Paraná. Em lugar de destaque na parte interna encontra-se a pequena locomotiva apelidada de Mariazinha Fumaça, que operava nas fazendas da região de Wenceslau Braz, no Norte Pioneiro, e que, entre os anos 1970 e 1980, ficou exposta no pátio da estação ferroviária da cidade.
A manobreira, cuidadosamente restaurada e preservada, é uma peça que evoca memórias e sentimentos de uma época em que as ferrovias eram a espinha dorsal do transporte e da comunicação no Brasil. Ela testemunhou a movimentada rotina da estação de Wenceslau Braz, que era um importante ponto de conexão ferroviária na região, ligando o Ramal do Paranapanema, no sentido Norte-Sul, ao Ramal Barra Bonita, a oeste, que atendia as minas carboníferas na região de Ibaiti e Figueira.

A Locomotiva 38, apelidada de Mariazinha Fumaça, é uma peça inglesa construída pela Henry Rogers, Son & Co, em Wolverhampton, em 1888, um ano antes de o Brasil se tornar uma república e época de formação das primeiras cidades do Norte do Paraná. A empresa metalúrgica britânica, localizada em um dos principais polos da Revolução Industrial, mantinha fortes laços com a América do Sul. Os arquivos históricos mostram que, em 1º de julho de 1931, um decreto do Governo Vargas autorizou os ingleses a permanecer no Brasil.
Uma locomotiva chamada saudade
A manobreira tem 2,10 metros de altura, 1,32 metro de largura e 3,40 metros de comprimento e foi levada para o museu em 1985. O que torna esta peça ainda mais especial é a nostalgia que ela evoca em muitos moradores de Wenceslau Braz. Para aqueles que cresceram nas proximidades da estação, a maria fumaça é muito mais do que uma relíquia histórica. É um lugar onde a infância foi vivida de maneira lúdica e emocionante. Muitos se lembram de ter brincado na manobreira quando eram crianças, assistindo aos trens passarem e sonhando com aventuras sobre os trilhos.

Moacir Carvalho é um desses saudosistas. Ele conta que nasceu em Wenceslau Braz, mas logo mudou-se de lá. Porém, guarda com carinho as lembranças de quando passava as férias na casa dos avós e sempre visitava a antiga estação ferroviária. “Tudo isso faz parte das lembranças da minha infância. A preservação da memória ferroviária é fundamental para manter a identidade do povo, pois muitas cidades surgiram e cresceram por causa da estrada de ferro. Muitas pessoas têm lembranças do tempo dos trens de passageiros. As estações testemunharam o desenvolvimento do País”, defende.
Assim como ele, muitos moradores da cidade postam suas fotos em grupos de Facebook, como o Trick – Fotos Antigas ou o Legitimidade Brazense. Recontar a saga dos ferroviários que ajudam a construir a cidade é uma tentativa de manter viva as raízes locais e tentar aplacar a grande decepção que foi a perda do prédio histórico da antiga estação, todo em madeira, demolido nos anos 1990. A estrutura era parecida com a da Estação de Joaquim Távora, que completou 100 anos em 2023.
Memória ferroviária
O Museu Ferroviário de Curitiba é uma ótima dica de passeio para quem estiver de viagem marcada para a capital paranaense. Quem chega e olha pela fachada pode estranhar ao encontrar todas as portas e janelas fechadas. A explicação é que o museu ferroviário é um dos únicos a funcionar dentro de um Shopping Center, o tradicional Shopping Estação, empreendimento que incorporou a antiga estação ferroviária da cidade.
A atração gratuita, que abre todos os dias, conserva relíquias da memória ferroviária do Paraná. Na entrada, o visitante se depara com os antigos guichês, em madeira com detalhes entalhados. Bonecos vestidos com os uniformes dos trabalhadores ferroviários dão o tom de realismo à atmosfera nostálgica. No local também funciona uma biblioteca com livros e documentos ligados ao tema.
Na entrada do museu, na área interna do shopping, o museu oferece uma experiência tecnológica. Os visitantes que tomam lugar nos assentos do vagão, atrás da locomotiva principal do museu, embarcam em uma viagem virtual que parte de Curitiba até o litoral pela Serra do Mar. Imagens são exibidas em telas instaladas no lugar das janelas e até a trepidação do vagão pode ser sentida pelos passageiros virtuais no simulador.
Para os visitantes que desejam fazer uma viagem no tempo e reviver as lembranças de uma infância cheia de aventuras, conferir a Mariazinha Fumaça e as outras atrações do Museu Ferroviário de Curitiba é um programa imperdível.
Museu Ferroviário de Curitiba
Avenida Sete de Setembro, 2775, Shopping Estação, Curitiba
Entrada grátis
Contato:
(41) 3094-5346
Horário de funcionamento:
– De segunda a sábado: das 10h às 22h
– Aos domingos, das 11h às 22h
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